quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Aproveitamento integral de alimentos ajuda na economia


Marta Erhardt, do A TARDE On Line

Cerca de 30% da produção mundial de alimentos é desperdiçada devido às falhas no sistema de colheita, transporte, armazenagem e comercialização, segundo estimativa apontada pela nutricionista e professora da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Roseanne Dantas. Segundo ela, no Brasil, aproximadamente 70 mil toneladas de alimentos são jogadas no lixo diariamente, o que confere ao país o desonroso título de “país do desperdício”.

“Nós brasileiros perdemos mais de R$12 bilhões por ano com o desperdício de alimentos. Os supermercados jogam fora 13 milhões de toneladas de alimentos anualmente. Nas feiras livres de São Paulo, mais de mil toneladas vão para o lixo todos os dias”, frisa.

De acordo com a professora, a falta de conhecimento da população sobre os potenciais nutritivos dos alimentos e a falta de aproveitamento de muitos deles ocasiona o desperdício de recursos alimentares. “O desperdício é um sério problema a ser resolvido na produção e distribuição de alimentos, principalmente nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Nessa ótica, somos favoráveis a aproveitar melhor o que compramos”, relata.

No entanto, Roseanne Dantas ressalva que os profissionais da área de saúde não são favoráveis ao aproveitamento integral de alimentos enquanto política pública para resolver o problema da fome. “Os fatores que levam camada expressiva da população a situação de fome são a falta de renda, em função da baixa escolaridade, baixa qualificação da mão de obra. Infelizmente, a resolução desse quadro não depende de soluções técnicas, o caminho é a decisão política onde o foco central deve ser a geração de emprego para melhorar a renda da população, visando a acessibilidade a alimentação saudável”.

Em época de alta nos custos com a alimentação, o aproveitamento integral de alimentos - técnica que busca aproveitar melhor o que é comprado – traz benefícios para o bolso e a saúde dos consumidores. Roseanne Dantas explica que o princípio básico do aproveitamento integral de alimentos é a complementação de refeições, com o objetivo de reduzir custo, proporcionar preparo rápido, além de oferecer paladar regionalizado. “Utilizar o alimento em sua totalidade significa mais do que economia. Significa usar os recursos disponíveis sem desperdício, reciclar, respeitar a natureza e alimentar-se bem, com prazer e dignidade”, destaca a professora.

Ela revela que para aproveitar melhor os alimentos é preciso comprar bem, dando preferência a legumes, hortaliças e frutas da época; cuidar da conservação, com o armazenamento em locais limpos e em temperaturas adequadas a cada tipo de alimento; e ter cuidado no preparo, lavando bem os alimentos, não retirar cascas grossas e preparar apenas a quantidade necessária para a refeição da família. O aproveitamento de sobras e aparas é recomendado pela nutricionista, desde que mantidas em condições seguras até o preparo.

Confira maneiras variadas para uso do alimento:

• Carne assada: croquete, omelete, tortas, recheios.
• Carne moída: croquete, recheio de panqueca e bolo salgado;
• Arroz: bolinho, arroz de forno, risotos.
• Macarrão: salada ou misturado com ovos batidos.
• Hortaliças: farofa, panquecas, sopas, purês.
• Peixes e frango: suflê, risoto, bolo salgado.
• Aparas de carne: molhos, sopas, croquetes e recheios.
• Feijão: tutu, feijão tropeiro, virado e bolinhos.
• Pão: pudim, torradas, farinha de rosca, rabanada.
• Frutas maduras: doces, bolo, sucos, vitaminas, geléia.
• Folhas de: cenoura, beterraba, batata doce, nabo, couve-flor, abóbora, mostarda, hortelã e rabanete.
• Cascas de: batata inglesa, banana, tangerina, laranja, mamão, pepino, maçã, abacaxi, berinjela, beterraba, melão, maracujá, goiaba, manga, abóbora.
• Talos de: couve-flor, brócolis, beterraba.
• Entrecascas de melancia, maracujá.
• Sementes de: abóbora, melão, jaca.

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